quarta-feira, 13 de março de 2013

J.

Sabe quando acontece as reviravoltas mais exacerbadas, ao ponto de acharmos que nosso mundo caiu?
E ainda, aquelas em que você não acredita mesmo que tudo aquilo é real?

Começamos, agora, uma das mais complexas histórias já vividas, que Gumercindo pode nos contar. E caso deixou de ler quaisquer outro dos contos já postadas, dedicadas à alguém, você pode deixar de entender grande parte dessa passagem.

Tento acreditar que todos nós temos o dom do aprendizado. Principalmente com os maiores fracassos. E muitas vezes, estes fracassos nos criam "cascas" tão grossas e maciças, se tornando tão trabalhoso poder quebrá-las, ou que nem mesmo nosso sub-consciente consegue lidar.

Nossos deslizes se tornam materiais qualitativos no quesito sabedoria.
A menina J., como chamarei, sempre foi uma menina sorridente. Apesar de seu olhar esconder uma carga familiar extremamente pesada, se a visse, pode ter certeza: o sorriso estava estampado em seu rosto branco. Com teus cabelos totalmente negros, seus poucos centímetros de altura e apenas 13 anos de idade, deixava qualquer garoto, ou homem de queixo caído quando desfilava pelo pátio.

Gumercindo não pensava muito diferente. Aos seus 17 anos, conseguia apreciar a beleza da moça sem grandes pensamentos malevolentes.
Em um dia qualquer, as forças reuniram J. e Gumercindo, em uma de suas aulas. Por se tratar de aulas de dança, os olhares nunca sessaram. E os contatos físicos também não.
Com o tempo, uma grande amizade surge, pois acredito que naquela época, o respeito sempre foi mútuo.
Seu ombro amigo. Para todo e qualquer assunto que a atormentava, ali estava o rapaz.
Este cenário se repetiu por anos.

Em pouco tempo, J. inicia um namoro com então amigo de Gumercindo, F. Este namoro, um tanto conturbado, pois J. começara a adquirir a consciência de seu poder feminino, deixando paixões por onde passava.
O romance durou algum tempo. Mas se desgastou, com problemas não interessantes a nós, agora. Reencontros foram acontecendo entre J. e Gumercindo, mas, a moça estava sempre em um outro relacionamento.
Com a educação do rapaz, conquistara o respeito e carinho da família de J.

Após alguns anos, J. já moça, com aproximadamente seus 17 anos, uma chance deu a Gumercindo. Dias maravilhosos aqueles.
Não convém detalhes, porém, é de se mencionar que as desenvolturas da moça sempre extrapolaram as expectativas dele.
Assim foi, durante um bom tempo, em que surgia vontade, e estava lá os dois, vivendo e se conhecendo cada vez mais.

Apesar da intensidade de tais encontros, vez ou outra J. optava por namorar outros, nunca ofendendo ou preocupando Gumercindo, que também levava o "romance" pro lado aventureiro da coisa.
Em um de seus términos, J. aparenta muita mágoa, devido aos acontecimentos deste. Como dito, o moço nunca saíra do seu lado. Sempre o laço forte que tentava a trazer novamente para a superfície.

Os meses foram passando, e os encontros aumentando. Cada vez mais Gumercindo a desejava. Mesmo que somente por companhia, ou como apoio moral.
Apaixonou-se, mais uma vez.
Neste ponto da vida, acreditou que nunca encontraria alguém igual Jurema, ou Solange.
Em uma das formas mais cruéis de sofrimento, mente pra si sua paixão pela jovem moça.

Tal romance durou anos.
Nos meados de 2011, 2012, atingiu o ápice. As noites eram sempre frias, ou incompletas sem ela.
Com uma certa "carga" já trazida nos ombros, a casca psicológica que chegava junto era tão maciça, que nem os carinhos de J. podiam superá-las, achou.
Cometeu um de seus grandiosos erros,: o da sinceridade.
Não entendendo aquele sentimento que sempre o levava a pensar na moça, aconteceram frustradas tentativas de dizer suas intenções para com ela, ou a vontade de começar ali algo duradouro e sólido.
Mas, como de praxe, a vida não leva ele aos momentos que tanto almejava.
J., mesmo com todas as declarações, inicia um romance com outro rapaz, que por azar, não dura meses.
E, como não nos costumamos com notícias alegres quando o assunto é Gumercindo, ao terminar tal namoro, inicia outro. E sim, com um outro rapaz.

Claramente, Gumercindo vê novamente sua vida desabar, semelhante à uma cachoeira.
Seu orgulho nunca o deixou se aproximar novamente da moça.

Muito tempo se passa, desde que tal fato ocorreu.
Em uma noite de diversão, a encontra: como sempre, espalhando simpatia, felicidade e sorriso.
Já "cutucado" com tantas desilusões, não vê mais a possibilidade de uma boa vida a dois. Mal se falam.

Como não acredita que possa existir alguém que ainda abale suas vontades sentimentais, se emaranha em um bocado de que os jovens chamam "curtição".
A cada saída uma moça distinta.
A cada moça, a certeza de que o vazio engrandece.

Até que encontra aquela mulher, em que apesar de ter um romance com uma pessoa próxima, habita seus sonhos e desejos mais profundos. Claramente, não deixa que eles o instiguem a procurá-la. Não faria isso.
Os dias passam, e, em uma noite normal, de festejos e comemorações, acontece um beijo. Senhorita D.
É imensurável o tamanho de sua beleza. E não posso deixar de mencionar, que tal beleza está também na forma de agir, em seus trejeitos, suas manias, seus gostos e costumes. Tudo nela é tão grandioso e gostoso de se conhecer! Os dias passam a ter uma cor tão viva!

Nunca foi de acreditar em crendices. Ou coisas logicamente inexplicáveis. Mas, como bom sensato, tem a consciência de que há muitas coisas, forças, ou seres que não temos o conhecimento de existência. Mas, não é este o ponto.
Nas linhas e voltas desta nossa vida, srta D. não consegue comparecer à uma reunião marcada pelos amigos de Gumercindo. Nesta noite, passados meses de seu último reencontro, recebe uma ligação. Consegue reconhecer o número chamador, mas não tem ciência de quem poderia ser. Ao retornar tal chamada, escuta bem baixinho a voz dela:
-Gumercindo? É a J.
Um breve silêncio, acompanhado por um "alô", simples.
Houve então a vontade de um reencontro.
Como em todas as vezes, J. trazia sempre uma mala grande de confissões e feridas, e novamente Gumercindo a acompanha, em uma noite que acredito ser inesquecível pra ele.
Apesar das trocas de olhares e flertes, ao final não houveram beijos ou relações afetivas físicas.
Percebe o sentimento de vazio e a casca oculta que moldara seu coração por anos, se diluindo pouco a pouco.

Como pode, alguém com uma simplicidade e tamanha alegria conseguir uma proeza tão significativa em sua vida?
Apesar da vontade carnal, Gumercindo não consegue tirar o rosto dela da mente, em momento algum.
Ao deitar, lembra ele do almoço de mais cedo. Das piadas e contos de todas as noites, quando a acompanha em suas saídas noturnas. Ou até mesmo pelo afago que o leva ao mais alto nível de relaxamento, o cafuné. Senhorita D.

Poderia ele, acreditar que ainda há razões para crer em alguém?
Não sabemos. O importante, neste momento, é chegar em casa e ler a simples mensagem "adivinha quem ainda tá trabalhando..". 

"Foi eu que te dei, o primeiro beijo, o primeiro toque, a primeira canção;
Se realmente quer ficar comigo, não faz bola de meia com meu coração..."

sábado, 17 de dezembro de 2011

Solange

Ás vezes me pergunto, na intenção de compreender minha mente, o porquê de sempre darmos tanto valor à quem nos despreza, sendo que sempre existe aquela pessoa que te quer bem, que seus olhos brilham quando lhe vê.
Ainda não sei.
Mas sinto que este é um defeito humano, ou quem sabe uma qualidade... Tudo depende do ponto de vista.

Em mais uma história de Gumercindo, e como não poderia ser diferente, lhes apresento Solange.
Não diferente das outras... Linda... Um olhar misterioso... Uma boca tão rica em detalhes que não cabe a mim descrevê-los... E, não se diferindo muito, uma personalidade marcante. Sedutora. Mulher.
No auge da sua adolescência, 18 anos, uma nova vida, ela aparece: Graciosa. Mesmo suada, das atividades físicas realizadas, encantadora.
Ainda lembro da saia preta, dos sapatos... Seu sorriso. Seu corpo.
Eu, tímido por ser o 'novo' na turma, em meu lugar, logo me deparo com a monitora, vindo em minha direção como de costume, trocando sempre os pares na aula.

Foram meses a vendo e imaginando ser 'O cara' em que Solange se encantaria... Claro, sem sucesso.
Como o coração sempre nos laça com seus desejos e vontades, foram apenas momentos em que ganhei um sorriso... Um "Oi!"...
E, como todo jovem, defendendo ser a coisa certa, me declarei.
Quanta idiotice.
Imagino, em seus pensamentos, os deboches...
Sobrevivi.

De uma forma natural, consegui me afastar, aos poucos, até saber do recente namoro em que se encontrava.
A vida segue.
Como estas coisas nunca nos deixam, sempre que possível a visitava, em alguma rede social, claro, para ver de novo seu sorriso, sua boca...
Com o passar do tempo entendemos que é necessário seguir em frente.
Pois é, eu segui.

Quatro anos se passam. Solange se separa.
E ao acaso, um amigo em comum a convida pra sair, e claro, lá estava eu... Não só na festa, mas no caro, ao buscá-la. Como um arquivo que guardamos, e em um dia qualquer encontramos, estávamos no mesmo local.
Um pouco mais maduro que poucos anos atrás, começo novamente a me dar conta do quão linda é sua personalidade... Suas piadas, mesmo que sem graça, me fazia rir.
Com toda certeza, não podia ter de volta aquele sentimento de paixão, principalmente por uma moça que saíra com seu amigo!
_Não!
Penso.

A noite e os dias se passam.
Incrivelmente, em um baile rotineiro, ela... O mesmo sorriso de 4 anos... Mesmas piadas... Enfim, Solange.
Sem entender muito bem, algumas conversas surgem. Como se fossem amigos, as horas começam a passar tão rápido que não me dou conta que ainda estou no baile, e que deveria ter ido à uma festa, feita por meu irmão e amigos.
Com muita naturalidade, a convido.
_Vou sim! diz ela.
...
Como é de prache, não entendo se estaria apenas sendo gentil, amiga, se ainda teria vontade de rever o meu amigo, ou se estaria afim de mim...
_Claro que não gumercindo! Não seja tolo!
Mas como sempre há esperança, acreditei que fosse por mim.
Nesta noite não houve beijos, nem por parte de meu amigo.

Os finais de semana se passam, e em cada um deles tenho sua companhia.
Mágico. Cômico. Agonizante.
Mágico por estar diante daquele sorriso novamente.
Cômico, por suas piadas ainda sem graça...
Agonizante. Por não entender suas verdadeiras razões em sair comigo.
Mulheres.
Possuem um dom incrível de separar amizade de romance. E por quê??
O medo de perder a amizade seria maior que a vontade de ser feliz?

As semanas passavam tão rápidas, que me dei conta que não havia mais outra pessoa em meu pensamento, somente ela.
Eis que surge o galanteador Felipe. Aquele tipo de amigo que se encontra em todas as festas. Amigo de piadas, de bebidas, de conversas.
Mesmo ele sabendo que Solange não seria somente uma opção de amizade para mim, começa um jogo de sedução, na intenção de ter mais um 'troféu' em sua lista (não muito pequena) de mulheres em que já conquistou.
Alguém não muito fácil de competir, pois como dizem várias moças, tinha grande beleza.
Continuava sem entender, mas tentando encontrar um momento ideal para tentar beija-la, já que havia aceitado sair muitas vezes ao meu lado.


De hoje não passa!
Em um evento que aconteceria em um domingo próximo, tento me preparar fisicamente, financeiramente e psicologicamente para tentar fazer deste dia o decisivo.
Ao vê-la entrando... sinto-me como um afortunado, tremendo ao abraça-la, também podia, meu universo estava bem ali, exatamente em meus braços.
Tal evento começa bem: Solange com sua pequena blusa preta, saias curtas de cor bege, seu corpo esbelto e lindo... E, claro, seu sorriso.
São as melhores músicas dançadas da noite.
E, para minha felicidade, ela parecia tão contente! Com uma disposição em dançar junto a mim antes não vista. As conversas amistosas.
Quando, para minha decepção, meu 'amigo' chega. Felipe.
Como que instantaneamente, a procura, liga, e, para minha infelicidade, há resposta por parte dela.

Bom, a noite ainda prossegue. Mesmo ao lado dele, tenho ainda esperança de aquilo ser somente uma amizade.
Sabe, quando toca aquela música, em que você pensa: É agora!
Pois é, tocou.
E o 'É agora', aconteceu.
Não pra mim, mas para Felipe. Como em um filme, o tempo parou.
Os olhava com o pensamento de que tudo aquilo, as noites, as conversas, a companhia, havia sido somente um pretexto pra poder tê-lo.

Os dias voltaram a ser vazios.
As noites longas e frias.
Enfim, a rotina.




Meus pés não tocam mais o chão
Meus olhos não vêem a minha direção
Da minha boca saem coisas sem sentido
Você era o meu farol e hoje estou perdido
O sofrimento vem à noite sem pudor
Somente o sono ameniza a minha dor
Mas e depois? E quando o dia clarear?
Quero viver do teu sorriso, teu olhar
Eu corro pro mar pra não lembrar você
E o vento me traz o que eu quero esquecer
Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar
Nos teus braços é o meu lugar
Contemplando as estrelas, minha solidão
Aperta forte o peito, é mais que uma emoção

Esqueci do meu orgulho pra você voltar                                                                                                       Permaneço sem amor, sem luz, sem ar

Sem Ar, D'Black

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Marciana

Um namoro muito bom.

No início, os carinhos não eram recíprocos.
Como acontece em vários relacionamentos, Gumercindo era quem mais se dedicava, tentando de todas as formas conquistar sua adorável Marciana, porém, os encontros sempre eram em praças, ou na faculdade, pois Marciana, por morar sozinha, tinha medo de Gumercindo entrar em seu apartamento.
Foram meses assim.
No sexto mês, no dia em que Marciana marcara sua viagem para São Paulo, acaba deixando Gumercindo conhecer seu apartamento, permanecendo por poucos minutos lá, somente o tempo de se pegar a bagagem e partir.

Sete meses de namoro.
Marciana volta para a cidade de Gumercindo, ficando assim juntos novamente.
O namoro começa a se tornar de fato um relacionamento entre homem e mulher.
E seguiu algum tempo assim.
A família de Marciana sempre foi um tanto problemática, mas como a ajudavam em termos financeiros, Marciana dependia da mesma para permanecer em uma cidade distante, investindo em seus estudos.
Eles não aprovavam tal namoro, por fazer parte da burguesia de São Paulo, não aceitariam que Marciana tivesse um relacionamento com um rapaz pobre, sem futuro...

Nove meses de namoro.
Marciana suspeita de gravidez.
Nesta época, estavam passando por momentos conturbados no relacionamento, sofrendo pressão dos pais, Marciana entra em uma semana difícil, marcada por choros e desentendimentos.
Desesperada, 3 semanas e meio de menstruação atrasada, liga para sua irmã Dora, em São Paulo, contando à ela o que acontecera.
Quatro semanas de suspeita, decidiram os dois fazer um exame, constatando que não havia gravidez.

Dez meses de namoro.
Marciana volta para São Paulo, de férias desta vez.
Após uma briga com Dora, zangada, esta irmã a entrega, dizendo todo o acontecido do último mês à seus pais.
Mês complicado.
Sua família a proíbe de voltar para a faculdade, forçando-a a morar novamente em São Paulo.
Marciana agora, só tem contato com Gumercindo via internet.

Um ano de namoro.
Marciana ainda está em São Paulo.
A saudade aperta.
Em uma certa conversa, os dois resolvem morar juntos.
Gumercindo, em uma demasia felicidade, faz planos, junta dinheiro, para assim poder montar a tão sonhada casa, onde os dois passariam uma vida juntos.
Passados um mês de planos, sonhos e juramentos, Marciana sem explicar, termina o namoro com Gumercindo.
Luto.
Foram trinta dias de pura agonia, sofrimento e dúvidas.
Por que?

Marciana, mesmo longe, passados quatro meses em São Paulo, contata Gumercindo, para reatar seu namoro.
Gumercindo sem entender, mas por ainda amar muito Marciana, volta.
Foram mais dois meses distantes, mas com esperança de que iriam de fato morar juntos.
Mas, sem saber explicar, Gumercindo sentia algo diferente. Sabia que havia algo errado.
Resolve, sem entender, adicionar em uma rede social, o ex-namorado de Marciana.
Perplexa, Marciana não aprova tal ação, ficando brava e preocupada ao mesmo tempo.
Acaba revelando que havia tido um breve momento de fraqueza, se entregando ao ex.
Momentos de silêncio.
Gumercindo já não sabe o que fazer.
Marciana afirma não ter sentido amor na entrega ao ex, que ainda amava Gumercindo, pedindo desculpas por tal feito.
Mesmo arrasado, Gumercindo ainda acreditava que esta era a mulher de sua vida, e não podia deixar que algo desta natureza o atrapalhasse em seus planos.
Havia já feito todo o planejamento de sua casa, móveis e até emprego para poder se casar com Marciana.
Ainda há esperança.
A perdoou.

-Gumercindo, sinto mesmo por trair você. Sinto mais ainda, por estar agora, saindo com outro.



"This time, this place,Misused, mistakesToo long, too lateWho was I to make you wait?Just one chance, just one breathJust in case there's just one leftCause you know, you know, you know..That I love youI have loved you all alongAnd I miss youBeen far away for far too longI keep dreaming you'll be with meAnd you'll never go..."


Histórias de Gumercindo.

Alison Alves Mota.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amor

Amor.
Um agrupamento de sentimentos, nos levando a viver em felicidade plena ou em solidão profunda.
Nos remete ao mais alto nível de sinceridade. Companheirismo. Realidade.
Quem nunca amou, com certeza sente como se sua existência ainda não têm um propósito.
Quem ama, sente que este propósito se dá em relação ao amado.


domingo, 10 de julho de 2011

Emprego

 "Preciso de um emprego!"
 Quantas pessoas você já ouviu dizer esta pequena frase?
 Agora, quantas delas você sabe que trabalham com aquilo que gostam? Ou na área formada, desejada, etc.?

 Este nosso mundo "moderno" anda cada vez mais engraçado...
 Não faço ideia se somente nossa geração está nesse dilema, esta rotina incansável e sem fim de consumismo absurdo. Algo que cada vez mais nos controla, ditando regras e leis, em o que vestir, o que comer, onde ir...
 Você já parou pra pensar que a maioria das coisas que compra, consome, não são realmente necessárias para nossa sobrevivência?
 Agora, neste exato momento, você já realizou o seu maior sonho de vida?
 Está fazendo o que para atingi-lo?

 Engraçado, não?
 As pessoas traçam metas a serem cumpridas no futuro, esquecendo que seu presente passa cada dia mais rápido... Esquecendo que o que vale não é a roupa usada, não é o carro adquirido, não é a casa que mora...

 Vou mais além... Você É, de verdade, É feliz?
 Se morrer hoje, em exatos 10 minutos, morreria contente e orgulhoso da vida que levou?
 Pois é, Gumercindo também não.

 O trabalho começou cedo.
 Nem tanto por obrigações familiares, mas por vontade de adquirir a tão sonhada "independência financeira"... Esquecendo de sua infância... Não percebendo que ao passar dos anos, seus amigos se formam, casam, constituem famílias...

 A vida profissional de Gumercindo começa cedo, aos 14 anos quando, por sorte, ao ir em uma empresa para consertar seu computador, se depara com uma proposta interessante: Trabalhar, ter seu próprio dinheiro. Não depender dos pais para comprar seus doces, seus jogos, sua diversão.
 Sim!
 Ao contrário dessa realidade atual, 8 anos atrás as crianças eram crianças...
 Empinavam pipa, brincavam de pique-esconde, pique-pega, etc., ao contrário de muitos pré-adolescentes que, nos seus 12 anos de idade já pensam em somente roupas caras, sexo, quando menos sério, jogos eletrônicos.
 A incrível "Era das brincadeiras" é passado. Mas deixemos estes pensamentos mais adiante.

 Neste emprego, onde Gumercindo recebia "imensos" 200, ou 250 reais, na época, foi de verdade um tempo que ele suplica reviver...
 Com os anos se passando, Gumercindo se vê cada dia mais preso à este grandioso "esquema" social, este capitalismo selvagem que assombra nossas vidas, nos remetendo à investir toda nossa juventude em busca de dinheiro, e, quando o temos, gastá-lo todo ele tentando adquirir de volta a juventude...

 Sempre, ao sair de um emprego, outro já estava o esperando...
 Apesar de sua vida amorosa não andar bem, na verdade, nunca a viu em um patamar que pode ser visto como bom, Gumercindo têm muita sorte na vida profissional...

"Sorte"... Não é algo que eu realmente acredito...
 Só com o passar dos anos, Gumercindo se dá conta de que largar os estudos em busca de trabalho nunca foi uma ideia fantástica.
 Tendo uma visão de uma possível carreira, se depara com uma verdade incontestável... Seria ele mais um homem qualquer, que tem por objetivo único sustentar sua esposa e filhos, e tendo como ganhos este salário "grotesco" da população que trabalha na linha de frente, mão de obra, enquanto políticos ganham e esbanjam luxo, enquanto estes aumentam seus salários da maneira que bem entendem?
 Você acha justo, um ser humano viver com míseros 540 reais, enquanto parlamentares custam anualmente aproximadamente 10 MILHÕES por ano (cada parlamentar)?

 Todas estas perguntas, nós estamos já cansados de ouvir, e nunca ter respostas.

 A vida de Gumercindo segue, com todos estes questionamentos, mas como sempre, indo na mesma direção.
 Será que verá seu tão sonhado "diploma" de graduação?
 Faça sua existência valer a pena.
 Seja feliz, corra atrás dos seus sonhos. Mas corra hoje, pois amanhã pode ser tarde.


 "Os velhos sabem, querem mas não podem, os jovens podem querem mas não sabem."


Histórias de Gumercindo.


Alison Alves Mota

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ângela

 Junho de 1999.
 De férias, Ângela tinha o costume de visitar seus parentes.
 Apenas uma casa de distancia de Gumercindo.
 Linda.
 Morena índia, cabelos longos e pretos. Tão lisos que ao amarrá-los, escorregavam por seu corpo jovem.
 Ainda com pouca idade, no auge da infância, Gumercindo não entende o porque de seus pensamentos sempre se voltarem pra ela.


 Em um belo dia, Gumercindo, sentado ao lado de Ângela, a beija.
 Apesar de ser correspondido, a moça corre aos prantos.
 Sem entender, Gumercindo volta pra casa, não distinguindo se sentia felicidade ou tristeza.


 Anos se passam.
 Por razões ainda desconhecidas por ele, volta e meia se encontra pensando em Ângela.
 E em um dia comum e rotineiro, a encontra em uma rede social da internet.
 -Como poderia, ao passar do tempo se tornar ainda mais bela?
 Apesar de Ângela ter um relacionamento com outra pessoa, Gumercindo não a consegue tirar da cabeça.
 Já mais consciente do que ocorrera naquela época, os dois seguem suas vidas.


 Meados de 2007.
 Ângela decide morar na cidade de Gumercindo.
 Solteira.
 Volta então um passado que os dois não podiam deixar de relembrar.
 O tão mencionado "Beijo chorado". (risos)


 -Tão linda, Deus!
 É difícil resistir aos seus lábios... E, por que resistir?
 O tão sonhado beijo acontece.
 Apesar de ser um momento único, novamente por razões desconhecidas ambos se separam. Não mais se encontram.


 2010.
 Ao sair de um relacionamento, Gumercindo começa a trabalhar.
 Logo no início, se depara com ela: Bela como nunca visto antes.
 Já perto dos seus 20 anos, esbanja sedução.
 Seu jeito meigo... Descontraída. Desinibida.
 Mais uma vez, a paixão assume o controle sobre seus sentidos.
 Entre encontros, conversas, os dois novamente se entendem, e um novo beijo surge. Como já era de prache, um período sem a ver estava por vir.


 2011.
 Os encontros ao acaso são mais frequentes.
 Os desejos também.
 Mesmo a tendo como colega de classe, a vontade em tê-la o surpreende cada vez mais.
 Infelizmente e, novamente, sem sucesso.

 Continua uma incansável procura por um amor verdadeiro, por uma paixão ardente...
 Que o faça esquecer...
 Ela...
 Sim! Ela.



 "Bom seria se, como em uma cirurgia retiramos males do corpo, fosse possível retirar alguém do coração."


Histórias de Gumercindo.


Alison Alves Mota.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

July Emilia

 Tempos se passam após o término do namoro com Jurema.
 Gumercindo, ainda depois um ano, têm seu amor por ela aceso.
 Como fica desempregado durante algum tempo, procura um afazer, numa empresa conceituada.
 Conhece lá, a tal moça.
 July Emilia.
 Linda. De uma espontaneidade imensa, cujo charme provinha também de sua linda pele morena. Seus cabelos pretos de um perfume inigualável. A moça vai criando um lugar, o conquistando aos poucos.

 Alguns meses se passam, e o encanto só vem a crescer.
 Mesmo depois de July ter um pequeno caso com seu até então companheiro de trabalho, que viria a ser futuramente amigo, Gumercindo ainda se encantava com suas brincadeiras, seu jeito de ser...
 Ainda é uma pena que ela a visse apenas como amigo, pois este encanto se torna uma paixão, que vem sendo alimentada nos encontros casuais do trabalho.

 Mesmo tendo uma certa desconfiança desta paixão por parte de Gumercindo, July continua a ilusória simples amizade, pois teme perder tal "amigo" caso rejeite tal sentimento, ou viesse a ter algo, mesmo que passageiro.
 Aos poucos, Gumercindo percebe que a paixão não é recíproca.
 Vários encontros dos amigos, festas, boates. bares...
 July se aproxima cada vez mais.

 Em um dia simples, festa rotineira de final de semana, July beija Arlindo, irmão de Gumercindo.
 Na hora, Gumercindo não pensa em outra reação, a não ser, olhar.
 Se vendo em uma situação nunca antes vivida, acaba deixando passar tal cena, sem se posicionar quanto ao fato que acabara de ver.

 O tempo vai passando.
 E, em cada época, July passa a ter um romance com algum dos amigos ou próximos de Gumercindo.
 Em todo romance visto, sua paixão por ela decai, na mesma grandeza em que se acende e cresce mais e mais seu amor por Jurema.
 Se sentindo cada vez mais só, com a auto estima baixa, a solidão reina seu corpo.

 Os dias já não são mais tão belos e curtos iguais eram.
 Os sonhos e erros já se misturam criando uma crosta confusa de pensamentos, ilusões que só o fazem pensar no quão cruel é a vida.
 Vendo um romance acontecer entre July e Arlindo, Gumercindo cada vez mais preenche sua mente com ódio e raiva, deixando que estes sentimentos tomem conta e sobrepondo sua tão recente paixão.

 Como não é correspondida neste romance atual, July busca seus conselhos e ombros, sem saber que ali brota um ressentimento forte.
 -Porque não eu?
 Perguntas e dúvidas já são frequentes no dia-a-dia de Gumercindo.
 Resolve cada dia se afastar, para assim poder esquecer esta passagem, onde só trouxe dias de insônia e angustia quando Arlindo, mesmo sabendo desta paixão por parte de Gumercindo, continua a se encontrar sempre com July.

 Os laços finalmente já não são os mesmos.
 Os encontros são quase nulos.
 As esperanças também.
 As portas para Jurema se abrem em uma velocidade tão grande quanto a esperança em tê-la, claro, sem sucesso.

 Os dias continuam a passar.
 A solidão, à crescer.
 Será que este caminho ainda é extenso?


Histórias de Gumercindo.


Alison Alves Mota.